terça-feira, 24 de novembro de 2015

Apenas...



“A vida é muito chata!” pensava. “Para que existir simplesmente pelo fato de existir sem propósito algum? Há algum propósito?” Enquanto andava pela calçada pensava no que fazer a noite. “Uma festa talvez. Mas para que? As festas melhoram a vida em alguma coisa? E por que tantas perguntas?” Fingiu não tê-las e continuou seguindo seu caminho. “Falar sozinha é ruim?” Cansou-se de tantas perguntas.


Chegou em casa e foi direto até a estante pegar um livro qualquer para passar o tempo. Deitou-se na cama e começou a ler para passar o tempo ainda com tantas perguntas martelando em sua mente. Sempre que lia, qualquer fosse o livro entrava num mundo completamente nosso e fascinante.


E dessa vez estava nele literalmente. As árvores com folhas azuis e brancas, o mundo se misturando entre a fantasia e a realidade. “Por que ambos não podem viver juntos?” Pensava. Bem, agora podiam. Sentiu suas mãos se enrijecerem com o frio. Gostava disso. Pegou um fruto de uma árvore próxima e sentiu o gosto explodir em sua boca, morango com recheio de chocolate.

“Isso é real?” Não sabia dizer, mas se fosse somente um sonho, não queria acordar agora. Olhava agora o céu, o azul vibrante e macio. Sentou-se na grama e recostou-se sobre uma pedra coberta de musgo. “Que lugar lindo!”.

__Então? – Olhou para o lado com um susto e reparou num garotinho de mais ou menos dez anos de idade com cabelos verdes e olhos curiosos. – O que faz aqui? – Então finalmente se perguntou o que fazia ali naquele lugar tão curioso. E afinal, que lugar era ali?
__Não sei, e você? – Sabia que não era uma boa resposta para um estranho, mesmo que para uma criança.
__Vendo você! – Ele responde como se fizesse todo o sentido.
__Ah! E por que? Não devia procurar seus pais?
__Não vendo você… Vendo você! – Ele diz tocando a cabeça com o dedo indicador.
__O que? – Estava começando a se assustar.
__Tudo bem! – Ele diz tocando sua mão, foi reconfortante.
__O que quer?
__O que você quer? – Ele rebate com impertinência.
__O que? É melhor ir procurar seus pais garoto.
__Talvez só esteja com medo da loucura. – Ele cruza os braços sobre o peito.
__Esse lugar não é loucura. – Afirma com veemência.
__Como sabe? Talvez só seja seu subconsciente numa medida desesperada.
__Desesperada pra que?
__Pra não, por. Por perguntas. – Rebate o garoto com certeza.
__Desculpe, mas não estou entendendo. – Começou a sentir certa confusão nessa conversa.
__O cérebro tem necessidade por respostas. E como tê-las sem perguntas?
__Eu não… Eu não… Eu não sei. E como sabe dessas coisas? É só uma criança. – Fala numa medida desesperada de dizer algo que faça sentido.
__Vê. – Ele diz mexendo em uma mecha do cabelo espetado. – Os adultos têm necessidade de saber tudo. E de viverem no mundo real. Nós crianças não temos medo de perguntas, ou de imaginar.
__Não é medo… É necessidade. Viver. No mundo não há tempo pra viver no mundo da fantasia.
__Você não queria poder vir pra cá mais vezes?
__É claro. Pena que tudo seja só um sonho. – Diz com pesar e tristeza.
__Isso não quer dizer que não é real. – Se perguntou repentinamente como fora parar lá com naquele lugar tão estranho com aquele garotinho tão engraçado e curioso.
__Que estranho! – Diz pensando em voz alta. Talvez pudesse usar mesmo a imaginação para ir aquele lugar quando quisesse.
__Mas… Você tem perguntas… Tem que respondê-las.

Acordou subitamente e percebeu infeliz que realmente só se tratava de um sonho. Lembrou-se de tantas perguntas que tinha a respeito do mundo e começou a questionar-se. Por fim era verdade. Sem perguntas não haveriam respostas e sem respostas não haveria nada. Mas antes delas precisava tentar voltar aquele mundo fascinante. Mesmo que fosse só um sonho bobo. Tinha que tentar.

-Déborah Queiroz

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